quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Quantum of Solace

Há um momento de Quantum of Solace (2008) que mais se assemelha a um acto de contrição do próprio filme. Após ter sido surpreendida por um agente duplo, M questiona a sua capacidade para escolher colaboradores. O mesmo problema – má escolha dos colaboradores – está na origem do fiasco do filme. A culpa cabe ao produtor, já que é ele quem coordena, supervisiona e dirige a escolha do pessoal e, no caso deste novo Bond, as escolhas estavam todas erradas: Mathieu Amalric foi um vilão desastrado, o montador chacinou as sequências de acção e o argumentista não escreveu uma fala espirituosa que fosse nem percebe o que quer que seja de política internacional.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Barack Obama

Os advogados conhecem bem a importância do silêncio. Os melhores causídicos não são os que proferem alegações longas e eloquentes, mas os que sabem calar a boca na altura certa. Barack Obama, como brilhante advogado que é, fez um excelente uso do silêncio ao longo da sua campanha. Nunca respondeu na mesma moeda aos ataques pessoais, aos insultos racistas e às insinuações porcas (v.g. a suposta amizade com terroristas) e manteve-se superior aos adversários. O segredo do seu sucesso está sobretudo aí, mais do que nos discursos – aliás emocionantes e inspirados.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Hugh Laurie

Hugh Laurie estreou-se na literatura com The Gun Seller. O romance é uma novidade na carreira de Laurie mas não é uma ruptura. Os fãs reconhecerão no livro o humor burlesco de A Bit of Fry & Laurie, o cinismo de Black Adder e a riqueza de pormenores de House. Porém, a sua qualidade mais marcante está no profundo conhecimento dos princípios dramáticos: Laurie é exímio na criação e gestão do suspense e, seja em cima de um palco ou nas páginas de um livro, sabe agarrar a atenção do público.