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Michael Douglas ficou um pouco incomodado com a popularidade do seu
Gordon Gekko. O vilão do filme
Wall Street (1987) é um indivíduo odioso e sem escrúpulos, mas o público ficou encantado com o seu charme. Porém, Douglas não tem de ficar preocupado, porque a sua interpretação foi, na verdade, brilhante e a reacção dos fãs é a mais lisonjeira possível. Gekko é uma representação do mal absoluto, ele é o próprio diabo. E o diabo, à superfície, não tem nada de repugnante. Ele é mais sedutor, mais subtil e mais sofisticado que Deus, porque só assim consegue conquistar os corações dos homens. Gordon Gekko é o último representante de uma longa linhagem de diabos encantadores e cínicos que inclui o Mefistófeles de Goethe ou o caçador de Gotthelf. Mas ainda que represente o mal, ele é também, inconscientemente, uma força do bem. Através dos seus esforços para corromper e destruir o protagonista, Gekko força-o a reagir com acções positivas e é, por isso, o agente da sua salvação final.