Le Chagrin et la Pitié (1969), de Marcel Ophüls, é um documentário polémico, talvez o mais controverso que alguma vez foi feito sobre a Segunda Guerra Mundial. O filme descreve o quotidiano de uma localidade da França durante a ocupação nazi e aborda algumas questões que muitos franceses gostariam de ver esquecidas: o colaboracionismo, o anti-semitismo e os julgamentos sumários após a libertação. Ophüls aborda tudo isto com grande objectividade e sem preconceitos de qualquer espécie. Alemães e franceses, resistentes e colaboracionistas, todos têm igual oportunidade de falar e expor as suas razões. Porém, a objectividade não implica a total ausência de espírito crítico. Bem pelo contrário, o realizador afirma várias vezes a sua repulsa pelos crimes do regime de Vichy - por exemplo, quando confronta o genro de Laval com a realidade dos números da deportação. É este juste milieu entre rigor histórico e juízo crítico, entre serenidade e indignação, que faz de Le Chagrin et la Pitié uma obra tão notável, inteligente e especial.
domingo, 28 de fevereiro de 2010
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
The Oxford Murders
The Oxford Murders (2008), de Álex de la Iglesia, começa numa sala de aulas. É um começo apropriado, não só porque professores e cineastas têm muito em comum (o primeiro objectivo de ambas as profissões é cativar a atenção do público), mas também porque as qualidades pedagógicas de Álex de la Iglesia são bem conhecidas. Os seus filmes são claros, concisos e sedutores, tal como as boas aulas. Mas até os melhores mestres têm dias menos bons e a lição de The Oxford Murders não estava bem preparada. Falta ambição, estofo e profundidade ao filme, tudo é desgarrado e superficial. Isto é estranho, porque a pesquisa minuciosa e a atenção aos pormenores sempre foram os pontos fortes do cineasta espanhol (será ele um genuíno obsessivo compulsivo?). Mas se é verdade que as pessoas nunca mudam, vamos esperar que o realizador de Perdita Durango e El Día de la Bestia regresse à sua melhor forma.
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Nine
Nine (2009), com o inteligente Daniel Day-Lewis, é um nado morto. A intenção original é prestar homenagem ao cinema italiano, mas o filme não tem nada de especial a dizer sobre o assunto. Mesmo que tivesse alguma coisa para dizer, não teria tido importância nenhuma porque já ninguém dá um traque pelos filmes italianos. Claro que nada disto seria grave, porque Nine é um musical e os musicais são notáveis pela sua plasticidade. Todos os excessos e devaneios são permitidos nos musicais, desde que a música seja boa. O problema é que, também musicalmente, o filme de Rob Marshall é uma grande merda.
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