Le Chagrin et la Pitié (1969), de Marcel Ophüls, é um documentário polémico, talvez o mais controverso que alguma vez foi feito sobre a Segunda Guerra Mundial. O filme descreve o quotidiano de uma localidade da França durante a ocupação nazi e aborda algumas questões que muitos franceses gostariam de ver esquecidas: o colaboracionismo, o anti-semitismo e os julgamentos sumários após a libertação. Ophüls aborda tudo isto com grande objectividade e sem preconceitos de qualquer espécie. Alemães e franceses, resistentes e colaboracionistas, todos têm igual oportunidade de falar e expor as suas razões. Porém, a objectividade não implica a total ausência de espírito crítico. Bem pelo contrário, o realizador afirma várias vezes a sua repulsa pelos crimes do regime de Vichy - por exemplo, quando confronta o genro de Laval com a realidade dos números da deportação. É este juste milieu entre rigor histórico e juízo crítico, entre serenidade e indignação, que faz de Le Chagrin et la Pitié uma obra tão notável, inteligente e especial.
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