O filme Blindness (2008), realizado por Fernando Meirelles e baseado no livro do José Saramago, até começou muito bem. A cegueira branca é uma metáfora sumarenta e constitui um desafio aliciante para qualquer cineasta. Tudo parecia prometer um espectáculo cinematográfico grandioso, mas o resultado final é um pouco decepcionante. O realizador quis começar a construir a casa pelo telhado e preocupou-se mais em vender uma ideologia do que contar uma boa história. As inverosimilhanças e incongruências de Blindness são demasiado flagrantes (por exemplo, nunca se explicou muito bem o encarceramento dos cegos e as condições miseráveis em que era feito) para que o espectador inteligente seja persuadido a reflectir sobre o que quer que seja.
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
sábado, 27 de dezembro de 2008
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Easy Jet
Voar entre Lisboa e o Funchal ficou mais fácil. A Easy Jet passou a assegurar a ligação aérea e rompeu com um monopólio de décadas da Tap. Os madeirenses têm excelentes razões para festejar. É verdade que a empresa inglesa não presenteia os seus passageiros com uma refeição ligeira (i.e. uma carcaça e um sumo concentrado) mas em tudo o resto é melhor que a congénere portuguesa: preços, pessoal de bordo, assistência em terra. O que torna, porém, a Easy Jet não só mais eficiente mas também mais decente e honesta que a Tap é a pontualidade dos voos. A pontualidade não é apenas um gesto de cortesia mas um verdadeiro dever ético e moral. Os protestantes, por exemplo, acreditam que todos os nossos minutos serão contabilizados perante Deus no Dia do Juízo Final. Palpita-me que, quando chegar a hora, o Pinto Amaral e seus colaboradores terão muitas explicações a dar.
domingo, 7 de dezembro de 2008
Escape from L.A.
O filme Escape from L.A. (1996) deve ser visto várias vezes. Ver só uma vez não chega, porque não conseguimos absorver todos os pormenores desta obra extraordinária de John Carpenter. Um desses pormenores expressivos é a presença de crianças no corredor dos deportados. É expressivo porque revela a demência a que chegou a América de Carpenter. Num Estado de Direito decente, as crianças são absolutamente inimputáveis e, mesmo que pratiquem factos que sejam objectivamente crimes, apenas poderão estar sujeitas a medidas tutelares de protecção, assistência ou educação. Ou, pior ainda, talvez aquelas crianças do futuro não tenham praticado crime algum e estejam a pagar pelos supostos erros dos pais, como sucedeu com os meninos judeus na Alemanha nazi. É caso para dizer, citando o protagonista do filme, que «quanto mais as coisas mudam, mais elas ficam na mesma».
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
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