quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Psycho

Uma das sequências menos apreciadas de Psycho (1960), de Alfred Hitchcock, é a explicação do psiquiatra no final. Quase toda a gente concorda que a sequência é longa e fastidiosa e que o filme estaria melhor sem ela. Porém, nada poderia estar mais errado. A explicação é essencial para a compreensão da história e esclarece muitas coisas que tinham ficado pouco claras, sobretudo para quem vê o filme pela primeira vez. Mas há outra razão, mais importante ainda, para essa sequência. Ela surge estrategicamente colocada entre a captura de Norman Bates e o final na cela, o que permite que o espectador respire de alívio entre esses dois momentos assustadores. Isto demonstra todo o talento de manipulador de Hitchcock. O realizador, grande conhecedor dos princípios dramáticos, compreendeu rapidamente que a atenção do público não é constante e uniforme e que precisa de tempo para recuperar o fôlego.

domingo, 4 de outubro de 2009

Roman Polanski

O caso Roman Polanski é, em boa medida, uma questão de tempo. Não é a mesma coisa decidir um processo destes trinta dias ou trinta anos depois dos factos. O apuramento da verdade torna-se mais difícil, porque a frescura das provas já não é a mesma. E quanto mais a justiça demora, mais graves são os prejuízos para os envolvidos – incluindo a queixosa. Todos concordam, por isso, que o prolongamento deste processo é absurdo e injusto. Só o sistema judicial americano é que teima que não.