sábado, 5 de julho de 2008

Aristides de Sousa Mendes

Ainda há muitos portugueses que não sabem quem foi Aristides de Sousa Mendes. Porém, o nosso País deve-lhe imenso. As suas decisões enquanto cônsul de Portugal em Bordéus representaram, muito provavelmente, a maior acção de salvamento por um único indivíduo durante o Holocausto. Tudo começou em Maio de 1940, quando Sousa Mendes foi confrontado com um dilema doloroso: obedecer às ordens de Salazar e negar os vistos portugueses aos refugiados que chegavam a Bordéus, ou seguir o apelo da sua consciência e emitir os vistos que significavam a diferença entre a vida e a morte para muitas pessoas, sobretudo judeus. Sousa Mendes tinha tudo a perder: o apreço do regime de Lisboa, uma carreira diplomática de 30 anos e sobretudo a segurança dos 12 filhos que tinha a seu cargo. Mesmo assim, optou pelo mais difícil e, ao arrepio das advertências que chegavam do gabinete de Salazar, decidiu ajudar os fugitivos que se acumulavam à porta do seu consulado.

Quando Aristides de Sousa Mendes regressou a Portugal em 9 de Julho de 1940, aguardava-o uma ironia terrível: o diplomata, que havia auxiliado milhares de refugiados, tornava-se agora, também ele, num refugiado. Salazar, que nunca teve sequer a dignidade de conceder uma audiência ao cônsul, foi implacável e não lhe perdoou a audácia. Depois de um processo disciplinar miserável, veio o desemprego, a pobreza e o desespero. Nos momentos de maior angústia, Sousa Mendes foi forçado a recorrer à sopa dos pobres judaica para poder alimentar a família. Mais: finda a guerra, Salazar colheu com enorme hipocrisia os louros do auxílio a milhares de estrangeiros, um mérito que na realidade nunca pertenceu ao regime mas sim a Sousa Mendes e ao povo português. O cônsul morreu a 3 de Abril de 1954, arruinado mas de consciência tranquila, no Hospital da Ordem Terceira, uma clínica gratuita para os pobres dirigida pelos Franciscanos.

2 comentários:

Statler & Waldorf disse...

Dizer bem do homem, por onde começar?
Aristides agiu para além do altruísmo decidindo não cumprir as ordens que lhe enviavam e sabendo que por isso seria castigado. Naquele momento da história ele era apenas um homem, como eu, como nós...
Quantos? Muito poucos.

Waldorf


-Estou emocionado!

Statler

Flávio disse...

Sem dúvida. O Aristides de Sousa Mendes foi um homem extraordinário, um exemplo sem paralelo de altruísmo e coragem. Não o esqueceremos nunca.